O Teatro Experimental do Negro (TEN) surgiu no Rio de Janeiro, em 1944, em
um ambiente de absoluta perplexidade, muita especulação e ceticismo. Apesar da
descrença e do preconceito existente, o TEN irrompe a cena teatral brasileira
em 5 de maio de 1945, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com a montagem da
peça “O imperador Jones”, de O’Neill. Participaram dos projetos do TEN, além de
Abdias Nascimento - seu idealizador e um de seus fundadores-, Lea Garcia, Ruth de
Souza, Aguinaldo de Oliveira, Claudiano Filho, Mercedes Batista, Solano
Trindade, entre outros.
Desde sua fundação, o TEN apresentava-se
como um projeto cultural de intenções mais abrangentes, que não se restringiam
apenas à área da representação teatral, definindo-se como “um amplo movimento
de educação, arte e cultura”. Em função desse objetivo, a partir de 1945, foram
promovidas várias atividades por meio das quais o TEN se afirmava como uma oficina de produção e
fomento cultural.
O TEN produziu um leque variado de atividades e concursos inéditos – "Rainha das mulatas" e Boneca de Pixe" (década de 40 e 50); a competição plástica
do "Cristo negro" (em SP 1945 e RJ em 1946); "A conferencia Nacional do Negro" (em
1949); o "Primeiro congresso do negro Brasileiro" ( em 1950), entre outras.
Na década de 50, o TEN também editou a revista "Quilombo" e, em 196,1
a antologia "Drama
para Negros e Prólogos para Brancos", ainda hoje a única no mercado
editorial brasileiro.
As dificuldades financeiras, os problemas internos do próprio grupo e os
efeitos da Ditadura Militar em todas as atividades culturais e artísticas
aceleraram o fim melancólico de uma experiência rica e singular no contexto teatral brasileiro. O esforço de descentramento promovido pelo TEN não
sobreviveu ao aparato ideológico e às séries de condições que vem, há séculos,
excluindo as minorias dos centros de produção e decisão, relegando ao exótico
as instituições e as práticas que incorporam o outro na sua fala e que o
consideram como um elemento relevante na construção dos saberes e nas posições
de poder social.
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